Síndrome da Gaiola pode causar crises de ansiedade e de estresse em crianças e adolescentes
O medo de sair de casa para não contrair o vírus é um dos efeitos do isolamento social, que apesar de essencial, pode resultar em impactos na saúde mental
Rio de Janeiro, RJ (agosto de 2021) – Com quase um ano e meio de pandemia, os efeitos do isolamento social também atingem crianças e adolescentes. A Síndrome da Gaiola é um deles, termo que surgiu na pandemia e se caracteriza pelo medo e resistência de crianças e adolescentes a saírem de casa, podendo causar até crises de ansiedade e estresse. A pediatra Renata Fish, do Hospital Pasteur, explica que o acompanhamento com um especialista é imprescindível para que as emoções sejam identificadas e tratadas antes do agravamento do quadro.
A Síndrome da Gaiola leva esse nome em alusão ao passarinho que, após ficar muito tempo na gaiola, fica condicionado ao ambiente e quando ganha a liberdade, escolhe não sair. “Em alguns casos, o fato de sair de casa causa taquicardia em decorrência do alto nível de estresse, pois o ambiente externo é percebido por eles com insegurança, já que há o risco de contaminação pela COVID-19”, conta a pediatra.
A especialista explica que as crianças menores de 4 anos de idade não conseguem dar nome às emoções, por isso é importante observar alguns sinais como choro fácil, irritabilidade, perda de sono, terror noturno, falta de apetite, falta de vontade em fazer as coisas que gostava anteriormente, entre outros. Renata Fish alerta que a Síndrome da Gaiola não se trata de um transtorno tratado por meio de medicamentos, mas há a possibilidade de evoluir para depressão, por isso é preciso ficar atento às mudanças de comportamento.
Para atravessar esse período, os pais devem conversar com as crianças e adolescentes periodicamente para ouvir e oferecer acolhimento. As conversas com os professores e diretores das escolas também são fundamentais para ampliar a rede de atenção e de diálogo. “O ideal é que tanto os pais como as crianças e os adolescentes tenham um acompanhamento psicológico, pois as mudanças na rotina atingiram a todos e podem gerar situações de estresse e ansiedade que precisam ser monitoradas para não ocasionar no agravamento dos sintomas”, conclui a pediatra do Hospital Pasteur.