Coordenadora do pronto-socorro infantil do Hospital Pasteur alerta que vacinação vale como “presente” de Dia das Crianças
Aumento de casos de meningite e baixa imunização contra a poliomielite chamam a atenção para um dos direitos fundamentais previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente: o direito à vida e à saúde
Rio de Janeiro, RJ (outubro de 2022) – Nesta quarta-feira, 12 de outubro, Dia das Crianças, é dia de não perder de vista um dos direitos fundamentais previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente: o direito à vida e à saúde. Nas últimas semanas, o país tem se mobilizado em campanhas de vacinação infantil contra o vírus da poliomielite e da meningite. A campanha contra a pólio ocorre em razão da maior queda contínua nas imunizações nos últimos 30 anos. No entanto, a ação não conseguiu atingir a meta definida pelo governo de 95% das crianças de 1 a 5 anos imunizadas, por isso foi prorrogada em vários estados até o final de outubro. Dados da plataforma de vacinação do Ministério da Saúde mostram que a cobertura vacinal está em 63,21%.
“Embora a paralisia infantil, causada pela poliomielite, não tenha casos registrados no Brasil desde 1989, com a menor adesão à vacina, o risco de reaparecimento tem aumentado. O mesmo ocorre com a meningite: apesar de os casos registrados este ano não representarem um surto, a baixa cobertura vacinal pode levar ao agravamento do cenário. A sociedade não pode permitir que estas doenças voltem, por isso é fundamental a atenção de pais, avós e responsáveis por crianças e adolescentes. Presente bom pelo Dias das Crianças é vacina”, afirma Cristiane Pacheco, coordenadora do Pronto-Socorro Infantil do Hospital Pasteur, no Rio de Janeiro.
O chamado para a vacinação contra a meningite é reflexo do aumento de casos em algumas regiões. De janeiro a agosto deste ano, foram registrados no Rio de Janeiro 28 casos de meningite meningocócica – um salto de 55% – e sete pessoas morreram, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. Já a cidade de São Paulo registrou ao menos 10 mortes pela doença neste ano.
A pediatra reforça que a vacina é o melhor método de proteção de uma variedade de doenças graves e suas complicações, além de atuar impedindo a transmissão de algumas doenças. “Graças à vacinação houve uma queda significativa da incidência de doenças que levavam a morte ou deixavam sequelas graves, como coqueluche, sarampo e a própria poliomielite. A vacinação é ainda mais importante na faixa etária pediátrica. Em razão da imaturidade do sistema imunológico, crianças são mais suscetíveis a doenças virais e bacterianas”, explica a coordenadora do Pasteur.
A poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus. Pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes. Nos casos graves, em que acontecem as paralisias musculares, os membros inferiores são os mais atingidos. Já a meningite atinge o sistema nervoso em razão de processo inflamatório na membrana que envolve o cérebro e a medula espinhal. É ocasionada mais frequentemente por vírus ou bactéria e a severidade de alguns casos pode evoluir a óbito ou dano cerebral, deixando sequelas. A vacina é a melhor forma de prevenção para as duas doenças.