Inverno acende o alerta em relação a infartos e AVCs, especialmente para quem sofreu de COVID-19
Cardiologista do Hospital Pasteur destaca o risco maior de se ter um problema cardíaco nas seis a oito semanas após a contaminação pelo coronavírus e aponta os cuidados necessários para a prevenção
Rio de Janeiro, RJ (junho de 2022) – A proximidade do inverno e a chegada de temperaturas mais frias costumam acender nas pessoas o alerta de prevenção contra gripes, resfriados, alergias e outros problemas respiratórios, comuns nessa estação. Mas é uma época do ano que também se deve estar muito atento nas precauções contra infartos e acidentes vasculares cerebrais. Em especial por causa das consequências da pandemia da COVID-19, segundo alerta o cardiologista Gustavo Laufer, do Hospital Pasteur, no Méier (RJ).
“A aterosclerose é um misto de doença inflamatória e acúmulo de lipídios, que causam o excesso de placas de gordura nos vasos sanguíneos e podem resultar em problemas graves, como infartos, derrames e até a morte. As doenças inflamatórias são o pontapé inicial do processo de aterosclerose. E a COVID-19 traz uma tempestade inflamatória para o organismo. Então, pessoas que já têm alguma placa de gordura acumulada, caso sejam contaminadas pelo coronavírus, correm risco muito maior de essa placa se romper e, com isso, sofrer um infarto, um derrame ou uma trombose arterial, principalmente na fase de convalescência, de seis a oito semanas após a recuperação da COVID-19”, alerta Gustavo Laufer.
O cardiologista do Hospital Pasteur destaca que, por isso, pessoas que sofreram de COVID-19 devem reforçar o monitoramento do coração. “É importantíssimo. Assim como, para se prevenir da COVID-19, estar com a vacinação em dia. E não só contra o coronavírus. A vacina de gripe também protege o coração, especialmente para quem já teve um infarto. Essas pessoas precisam se precaver de doenças respiratórias pois o risco de complicações delas é muito maior”, explica Gustavo Laufer.
Aumento do sedentarismo e da ingestão de bebidas alcoólicas nos dias de frio
A população em geral, da mesma forma, necessita redobrar a atenção na saúde do coração na época mais fria do ano. Isso porque o inverno provoca, muitas vezes, uma série de fatores de risco, como o aumento do sedentarismo e da ingestão de bebidas alcoólicas. Fatores que justificam os resultados de estudos realizados em diferentes países que mostram que, nesta estação do ano, o número de infartos cresce em média 30% e os de AVC (Acidente Vascular Cerebral), 20%. “No caso específico dos brasileiros, há uma questão cultural, até. A partir de setembro ou outubro, muitos entram em dietas e voltam a praticar atividades físicas pensando no verão. E abandonam esses hábitos quando o calor se vai. É muito importante manter uma rotina de exercícios físicos, apesar do frio, e uma alimentação adequada para se reduzir os riscos”, afirma o cardiologista.
Mulheres igualmente precisam estar atentas, em especial as que chegaram à menopausa
A questão dos ataques cardíacos em mulheres, que por muitos anos foi subestimada, não pode ser desprezada. Gustavo Laufer explica que até a metade do século passado, o tabagismo era um hábito quase que exclusivamente masculino. Isso mudou após a 2ª Guerra Mundial e refletiu no aumento dos problemas cardíacos femininos. “Há outro fator que contribuí para essa percepção equivocada de menor risco de mulheres enfartarem: os hormônios femininos protegem o coração durante o período fértil. Mas quando ela chega à menopausa, essa “ajuda” desaparece e os risco passa a ser igual ao dos homens. E com o agravante que homens costumam praticar mais exercícios físicos. Nem que seja uma partida de futebol no fim de semana. Mulheres que muitas vezes têm jornadas duplas, trabalhando fora e ainda cuidando de suas casas, não conseguem fazer isso com a mesma frequência, não tem esse hábito”.